Joseph Scharl |Máscaras, 1931
Põe-se uma máscara para ocultar o rosto. Mas podem também os rostos esconder ou disfarçar as máscaras. Dizia Paul Klee, um dos meus pintores preferidos, que a arte não reproduz o visível, ela torna visível. Este quadro, embora muito diferente da obra do pintor suíço (apesar da nacionalidade alemã), pode ser disso um bom exemplo. Quem são estes mascarados de 1931? Pois, não faço ideia. Sei, sim, que podem ser universais, e que quando na galeria me aproximei deles logo identifiquei um vasto grupo de gente que, em 2025, ocupa o nosso espaço mediático e que são identificáveis pelo rosto que aí exibem. Porque estas máscaras, mais do que ocultar, revelam, explicam, ajudam a ver o que não é visível a olho nu. Conhecendo o carácter dessas pessoas, não são estas máscaras que se tornam estranhas e desfasadas da sua verdadeira identidade, mas o contrário: percebemos que rostos com que nasceram são as verdadeiras máscaras que escondem as máscaras em que se tornaram.
