17 dezembro, 2025

AÇÚCAR

Fosse a política matéria alimentar e o seu fim deveria ser uma sociedade que garantisse a carne, o peixe, os ovos, os legumes, os cereais, as leguminosas e a fruta, promovendo uma vida decente e digna que fizesse as pessoas verem-se como fins em vez de indesejáveis grãos de areia que atrapalham a engrenagem dessa grande máquina que é o Estado. Mas são as pessoas que deverão procurar a melhor maneira de chegar ao açúcar que dá sabor às suas vidas. A função do Estado não é fazer as pessoas felizes, apenas impedir que se sintam infelizes por faltar o que faz delas cidadãos dignos e decentes. Agora, como vai a vida ser adoçada, se através de rebuçados, bombons, chocolates, chupas, gelados, bolachas ou bolos, se o chocolate é mais doce ou amargo, se os bolos são de pastelaria normal ou conventual, ornamentados ou não, isso cabe a cada um descobrir. E isso não depende de governos melhores ou piores, de regimes, de sistemas políticos. Ninguém deve estar à espera que seja o Estado a adoçar-nos a boca. Já ficaremos contentes se não a amargar demasiado.