Uma árvore para ali está, quieta, serena, sossegada, apenas abanando ramos e folhas para deleite dos nossos ouvidos. Ali está, pois, alimentando-se de terra e água, para embelezar a paisagem, limpar a atmosfera, oferecer frutos cheios de vitaminas, ser poiso de aves, dar sombra a quem dela precisa ou um ramo para as crianças baloiçarem. E, no fim, ainda poder transformar-se em lenha para aquecer ou produzir energia. E tudo isso sem disso ter consciência. Pobre dela se a tivesse, forçando-a a saber o que é, mas também o que não é, mas poderia ser, apoquentada por desejos e apetites dos quais é refém. A natureza consegue por vezes ser mesmo perfeita, libertando algumas das suas criaturas da possibilidade de serem infelizes. Adão e Eva foram expulsos do paraíso, mas as árvores, que não podem comer frutos, apenas oferecê-los, por lá continuam.