10 agosto, 2023

O PRAZER DA INFLUÊNCIA

Elogia-se e incentiva-se, diria que algo romanticamente, uma criativa busca da originalidade, a livre procura de um eu que o distinga de todos os outros eus, um eu irredutível e irrepetível, um eu iluminado por uma essência quase platónica. E não falta quem deixe os seus créditos por mãos alheias. Assumindo desde já algumas excepções, e por isso historicamente imortalizadas, outro deve ser o caminho: escolher os modelos certos para imitar. Sendo boa a imitação, poder-se-á então dormir descansado sobre uma confortável almofada antes de enfrentar os diários palcos em que nos movimentamos. Saber viver não é aprender a criar para depois ansiosamente desejar a exposição, mas aprender a copiar o que se teria exposto, caso se tivesse nascido para ser uma excepção. Um bom modelo não faz um bom copista mas é preciso começar por algum lado, se possível, uma cópia que faça jus ao original.