Ainda não cheguei à fase crítica de saber por experiência própria que, como diz uma personagem de Philip Roth, a velhice não é uma batalha, mas um massacre. Acontece que os ossos, talvez carentes, fazem imensa questão de me lembrar que existem, o sono desvaira, os pés arrefecem, a memória trai-me, o ouvido faz-me passar por situações ridículas, a digestão é encarada com reverência. Mas é reconfortante haver filmes que me fazem perceber que, apesar da idade adiantada e das limitações oftalmológicas que lhe são inerentes, os olhos que os descobrem continuam a ser os mesmos incipientes e deslumbrados olhos que na infância e juventude descobriram outros. Filmes que serão sempre um precioso pretexto para continuar a ter vontade de os abrir de manhã até que um dia se fechem de vez.