Ao contrário do que a generalidade das pessoas pode pensar, na ciência a simplicidade é considerada uma virtude. Entre várias teorias, prefere-se a que for mais simples. Lembro-me sempre daquele físico que falava no seu sonho de um dia poder andar com um T-shirt na qual estaria uma simples fórmula que explicasse toda a complexidade do universo, uma coisa assim do género E=mc2. Daí eu considerar o enorme potencial de arcaicas teorias avançadas por filósofos (que hoje seriam cientistas) barbudos, em lugares distantes entre si mas que tinham em comum o falarem grego, seja no campo da física ou da medicina, como é o caso da teoria dos elementos ou a dos humores. A ciência evoluiu desde a antiga Grécia? Bastante. Trata-se de teorias com as quais os cientistas ainda hoje lidam? Nem de longe, nem de perto. A sua simplicidade é hoje algo popular, aproveitada mesmo por oportunistas para gáudio de gente crédula e dada à estultícia? Não o nego.
Seja como for, há uma eficácia, uma clareza, cá está, uma simplicidade que me agrada e que chega quase a comover. Este avançado do Osasuna pode ser explicado por psicólogos, psiquiatras, neurologistas, psicanalistas, através de arrojadas teorias, com recurso mesmo à imagiologia. Mas para quê tanto trabalho quando basta uma simples frase de teor introspectivo do próprio jogador para explicar toda a sua complexidade? Aliás, não por acaso é ele avançado. O desperdício que seria um homem destes enfiado na baliza, passando grande parte do tempo como mero espectador. Deixemos a baliza para quem tem a leveza do ar, a defesa para os que são feitos de água para eliminar o fogo dos opositores, e os que, com a solidez da terra, consolidam a estratégia a meio-campo. Estes, os puros, porque depois, como no pão, há as misturas, embora com maior prevalência de um dos elementos. Estou certo de que, voltasse agora a estudar Filosofia, desta vez iria dar mais atenção aos pré-socráticos.