Um excelente exercício para se entender a premência, ou mesmo vital emergência da arte que vai evoluindo ao longo do século XIX até aos nossos dias, é passar uma manhã no Prado (onde, verdade seja dita, também há quadros que pertencem ao meu Museu Imaginário que não vendo ou troco por nada deste mundo). De tanta representação hierática, histórica, mitológica ou aristocrática, fica-se com uma necessidade quase física de atravessar a rua e virar à direita na direcção do Thyssen-Bornemisza para já lá dentro poder então respirar fundo. Haverá quem, em vez de virar à direita prefira ir no sentido contrário até ao Reina Sofia. Em Berlim, havia um longo muro a separar dois mundos. Na península da Coreia há um paralelo com duzentos e tal quilómetros a separar dois mundos. Em Madrid há uma rua a separar três mundos.