Resolvi fazer o passeio do pós-almoço maior do que é costume, passando por sítios pouco habituais àquela hora. Vivo numa terra suficientemente pequena para não ser grande, ou suficientemente grande para não ser pequena, o que faz com que tanto passe a vida a encontrar pessoas conhecidas, como passe anos sem as encontrar. Neste caso, num curtíssimo espaço de tempo de uns 15 minutos, encontrei cinco ex-alunos em quatro diferentes momentos (duas ex-alunas vinham juntas) do passeio. Nada de estranho numa terra pequena onde passo a vida a encontrar ex-alunos. Extraordinário, sim, foi a primeira aluna desta série corresponder ao meu primeiro ano docente (1986), as duas últimas ao último (2024-25) e, entre elas, dois alunos distribuídos por períodos intermédios, um rapaz (agora pelos 50 anos) dos anos 90 e uma rapariga (agora na casa dos 40) já deste século. Usei a expressão "espaço de tempo" no habitual sentido de período de tempo. Mas, bem vistas as coisas, talvez não seja a expressão mais apropriada, antes espaço-tempo, Segundo os padrões clássicos espaço e tempo, embora relacionados; são categorias autónomas. Neste caso, porém, espaço e tempo formaram um misterioso todo que me deixou um rasto de melancolia reforçada pela chuva miúda que me acompanhou até casa, onde finalmente limpei as lentes dos óculos como quem esfrega os olhos.