05 maio, 2024

SINAIS DE FOGO

Uma relativa desilusão. É para muitos o melhor, ou dos melhores, romance português do século XX. Consigo percebo porquê, o que ajuda a tornar a desilusão apenas relativa, mas desilusão também por causa disso, uma vez que só há desilusão se houver ilusão, e as referências que tinha a isso me levaram. Exceptuando certas passagens ali ou acolá, o que é pouco num livro com centenas de páginas, não me dá o que espero da literatura: o que só a literatura me pode dar. Como espero da música ou da pintura o que só cada uma me pode dar. O meu interesse pela literatura é inversamente proporcional à possibilidade de ser convertida em filme. O que me acontece neste livro é sentir-me arrastado por um incontinente fluxo narrativo que me faz sentir diante de um daqueles filmes baseados em livros que parecem ter sido escritos para se converterem em filmes.