15 maio, 2024

CORTE EPISTEMOLÓGICO

Na aula estava em jogo a possível incompatibilidade entre a existência de um Deus sumamente bom e omnipotente, e a existência do mal. Entretanto, em jeito de brincadeira, pergunto como considerariam uma natureza humana que não contemplasse o mal. Mais do que uma negação do mal radical, o mal como impossibilidade antropológica, isto dito, claro, numa linguagem que entendessem. Logo um aluno alega que isso iria tirar milhares de postos de trabalho: polícias, militares, advogados, juízes, etc. E com as devidas repercussões no PIB, afectando gravemente a economia. Vários alunos corroboraram a posição do colega, não havendo quem levantasse o dedo para mostrar simpatia pela benevolente ideia por mim sugerida. Trata-se de uma turma de Economia, da qual irão sair futuros economistas e gestores. Mal sabem eles, incluindo os mais à direita, que os há, e com uma convicção da qual me apercebi o ano passado quando se discutiu o problema da distribuição da riqueza, que, de certo modo, são todos herdeiros de Marx. Aquele célebre alemão que até 1844 se dedicou à Filosofia para depois escrever O Capital, desistindo assim de interpretar o mundo para apenas o transformar. O que, diga-se em abono da verdade, não parou de acontecer até agora, embora só Deus que para além de sumamente bom e omnipotente, é também omnisciente, saiba que mais transformações estarão para vir.