18 julho, 2023

BLACK SABBATH

Passeio das Virtudes, fim de tarde de sábado. Esplanadas cheias, relvado em frente salpicado de pessoas que conversam, lêem, piquenicam com todos os preceitos; há uma mulher que tricota, crianças brincam descalças, uma outra faz um desenho ao lado da mãe que conversa com uma amiga, dois rapazes jogam xadrez, e ainda quem vai passando para contemplar a vista sobre o rio, enquanto os pássaros expandem a sua alegria entre as árvores cuja disposição possibilita diferentes matizes de luz e de sombras. Uma pessoa está ali e vê-se perfeitamente dentro de um quadro naturalista, impressionista ou pós-impressionista numa das paredes do tão próximo Soares dos Reis. Mas estando ali, por um punhado de euros, um rapaz que tomou a liberdade de ligar uma guitarra a uma coluna da qual são evacuadas descargas eléctricas de Voodoo Child, Paranoid, e outras tonitruâncias afins que alastram pelo jardim como gás sonoro que entorpece todos os sentidos, logo me sinto parte, apesar da longa distância, de uma instalação ou happening em Serralves.