02 junho, 2023

SORRISOS DE UMA MANHÃ DE PRIMAVERA

Numa das minhas turmas já dei hoje a última aula. Após dois anos de Filosofia quis saber qual foi o impacto da disciplina. Um dos alunos, um muito bem disposto e descontraído rapaz, chamemos-lhe, só por graça, Esteves, assumiu com um, creio que orgulhoso, sorriso, que nada aprendeu de interessante e que não percebe para que serve uma disciplina como Filosofia. Olhei para ele e lembrei-me de Frid, o simpático, alegre e feliz criado de Sorrisos de uma Noite de Verão, um dos meus filmes preferidos de Bergman, ainda que para um bergmanólogo ou bergmanófilo possa ser difícil de aceitar por estar bastante fora do habitual registo que o celebrizou. Ele disse pois aquilo a sorrir, sendo a minha reacção sorrir também. Não um sorriso de orgulho como o dele, mas um sorriso de inveja pela vida feliz daquele rapaz que, e Deus o proteja, irá continuar a ser a mesma quando adulto e quando velho. Não examinar a vida pode não ser condição necessária nem condição suficiente para que valha a pena ser vivida. Mas, ao contrário do que dizia Sócrates, é bem capaz de ajudar.