Um estrangeiro está pela primeira vez em Lisboa. Quer ir de metro para o Martim Moniz e a estação mais perto do local onde se encontra é a do Jardim Zoológico. Consulta o mapa, que lhe diz para apanhar a linha azul e, chegado à estação da Baixa-Chiado, deve mudar para a linha verde. Acontece que não faz qualquer sentido mudar de linha: perde-se tempo e anda-se mais, não só pela mudança, como também a ter de andar para trás. Como saberá qualquer lisboeta, faz muito mais sentido sair nos Restauradores. Também sei bem, neste caso como ser humano, qual o papel desempenhado pelo nosso estrangeiro em Lisboa diante do mapa. É o papel do ser humano, não só como agente histórico mas também individual. Os mapas planificam, orientam, indicam-nos o caminho, tornando tudo luminoso e inteligível. Mas é meio cegos e às apalpadelas que vamos conhecendo o território.