E por falar em anjos, prosseguem as dificuldades dos meus alunos com a sua existência. Diante desta imagem no enunciado de um teste, diz um aluno tratar-se de uma mulher com asas, incapaz de perceber que se trata da representação de um anjo de acordo com a iconografia tradicional. No século XIX, bastava ver um ser vivo com dois braços, duas pernas, cabelos compridos e uma crinolina, para logo identificar um anjo que nem sequer precisava de se chamar Angélica. Hoje, chapa-se um anjo nos olhos de um pueril efebo e o que vê ele? Uma mulher com asas. Entre o desvario romântico do século XIX e o realismo grosseiro do século XXI, resiste a eterna pergunta: o que é uma mulher? Talvez nunca venhamos a sabê-lo e ainda bem que assim seja.
