08 julho, 2024

LÍNGUA

Há muitos anos que deixei de tomar café com açúcar e um único grão já provocaria hoje estragos nas minhas papilas gustativas como ervilha em cama de princesa. Também passei a comer iogurte natural sem açúcar mas, neste caso, sem perder a nostalgia do seu sabor quando a colher podia ficar em pé graças à quantidade de açúcar que nele deitava. Entretanto há coisas como iscas ou rins que sempre detestei e continuo ainda hoje a detestar. Como há outras como o chocolate de que sempre gostei e estou certo de que irei continuar a gostar. E pronto, eis a história da minha vida. Por muito que as nossas ideias, ideologias, idiossincrasias nos possam dar um rumo e convencerem-nos de que é graças a elas que temos um rumo, também no que somos, será sempre a língua, tal como a outra que, no meu caso, é a portuguesa, a determinar quando estamos em nossa casa ou, estranhos, num país cuja língua não percebemos de todo, ou balbuciamos, ou até podemos perceber quando ouvimos ou lemos, mas não falamos.