20 junho, 2024

IMITAÇÃO DA IMITAÇÃO DE CRISTO

«Que sejas sempre um estranho e um hóspede nesta terra»

Nunca acabar de dizer o que tem para dizer é, segundo Italo Calvino, um dos critérios para se considerar um livro um clássico. Mas o que chamar a um livro, o qual, ainda que de modo acidental, não só não acabou de dizer o que tinha para dizer, mas que dirá ainda mais a quem o ler séculos depois do que quando foi escrito? Não sei dizer o que passaria pela cabeça de um leitor do século XV diante de A Imitação de Cristo, do monge alemão Tomás de Kempis. Do que já não tenho a menor dúvida é sobre o que deverá passar, e não há mesmo como não passar, pela de um leitor do século XXI.